quarta-feira, 20 de junho de 2012

A contribuição da Igreja na Rio+20.

“A presença da Igreja na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20” foi o tema da coletiva de imprensa que aconteceu no último domingo, dia 17 de junho, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro. O encontro foi organizado pela Arquidiocese do Rio, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Aliança Internacional de Agências Católicas de Desenvolvimento(CIDSE). Os principais temas abordados no encontro foram assuntos ligados à economia verde, à centralidade da pessoa humana, à preocupação com o futuro da humanidade e aos resultados práticos da Eco 92.

— Vinte anos se passaram, o Rio de Janeiro sedia uma nova conferência sobre o desenvolvimento sustentável. A atitude da Arquidiocese é de acolhida e de respeito a todos, para contribuir com o presente e com o futuro do mundo. Pedimos a Deus que a semente caída na terra possa produzir o seu fruto no devido tempo, incentivou o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.

Além de Dom Orani, a mesa da coletiva foi formada pelo observador permanente da Santa Sé, Dom Francis Chullikatt, pelo secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner; pelo bispo de Wa, em Ghana, monsenhor Paul Bemile; pelo secretário geral da CIDSE, Bernd Nilles, e pela diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), Moema de Miranda, que integra o comitê facilitador da Cúpula dos Povos para a Rio+20.

Após a coletiva, a diretora do IBASE destacou que a Igreja tem tido uma participação ativa no processo de organização da Cúpula dos Povos e dos espaços interreligiosos.

— Na cúpula, a tenda das religiões, por direito, foi construída por todas as denominações religiosas. Essa participação ecumênica e capacidade de diálogo são extremamente importantes, porque acreditamos que sozinhos nenhum de nós terá solução para os gravíssimos problemas existentes. Vivemos sob o tempo da urgência, não podemos esperar mais 20 anos, na Rio+40, para encontrar soluções. Agora é o momento de tomar decisões que possam mudar profundamente as causas da destruição do planeta e da vida, disse.

Moema criticou a falta de entendimento para a formulação do documento oficial da Rio+20 e o retrocesso em relação aos princípios que já haviam sido aprovados na Eco 92, como o de responsabilidades compartilhadas, mas diferenciadas. Ela alertou sobre o perigo dos documentos finais serem simples declarações, sem que os governos assumam um verdadeiro compromisso de transformação.

— Esperamos pouco do documento oficial e não temos expectativa de que ele vá apresentar propostas concretas, porque até agora esse documento, que só teve 28% de consenso, está sendo construído com muitas dificuldades. Nós já perdemos princípios importantes que tinham sido aprovados em 92, como o princípio de responsabilidades diferentes, de acordo com a sua própria capacidade e com a sua poluição. É necessário pressionar os governos por compromissos mais profundos e mais radicais, com soluções que atinjam as causas e não só as superfícies dos problemas, afirmou.