segunda-feira, 18 de junho de 2012

Conheça um pouco mais o novo Bispo Auxiliar, Dom Roque.

No próximo sábado, dia 23 de junho, às 8h30min, o Monsenhor Roque Costa Souza será sagrado Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na Catedral Metropolitana. Confira a entrevista concedida pelo Monsenhor aos veículos de comunicação da Arquidiocese, na qual fala de temas relevantes sobre a sua vida e vocação.

Família

Monsenhor Roque – Nascido no Rio de Janeiro em 19 de agosto de 1966, sou o quinto filho do casal Nelson Pinto de Souza e de Maria José Costa Souza. Por promessa feita a São Roque, após uma difícil gravidez que colocava em risco a vida da minha mãe, fui batizado com o nome do santo, comemorado pela Igreja no dia 16 de agosto. Dois anos depois nasceu a minha irmã, que não me tirou o direito de ser o mais novo, o caçula dos quatro irmãos. Na Igreja Santo Cristo dos Milagres fiz a catequese por incentivo da avó Elizete e, em 1978, a Primeira Comunhão, na missa celebrada pelo pároco Pedro Scherer, SVD.

Chamado

Monsenhor Roque – A partir do Crisma, que recebi em 4 de agosto de 1985, durante visita pastoral à paróquia, pelo bispo auxiliar Dom João D´Avila, ini­ciei a caminhada vocacional, in­comodado com a voz do Senhor a ecoar em meu coração: “Vem e Segue-me” (Mt 9,9), “São como ovelhas sem pastor” (Mt 9,36), “Pedi ao Senhor da Messe que en­vie operários” (Mt 9,38), “Vinde e vede”Jo 1,39). Engajado na Pas­toral da Juventude e participando do Grupo Jovem JEL (Jovens ao Encontro da Liturgia), o Senhor preparava o meu coração.

Questionamentos

Monsenhor Roque – Em 14 de setembro de 1985 participei pela primeira vez de uma celebração de ordenação, a do Padre Pedro Paulo Alves dos Santos, presidi­da pelo Cardeal Dom Eugenio de Araújo Sales. Na elevação do Santíssimo Corpo do Se­nhor obtive a resposta aos meus questionamentos: “É para isso que estou lhe chamando”, voz interior que me deixou inquieto até fazer a partilha com o Padre Pedro Scherer, que aconselhou a procurar o novo presbítero Pedro Paulo, após sua primeira missa celebrada na Paróquia Santo Cristo.

Discernimento

Monsenhor Roque – Ao pro­curar o Seminário de São José, o então diretor espiritual, Padre Elia Volpi, me incentivou, antes de tudo, a participar do GVA (Grupo de Vocações Adultas). O discernimento foi feito durante três anos, onde também fiz ex­periências com os beneditinos, franciscanos e verbitas. Afastan­do-me de qualquer pressão, parti­cipei em 1987 de um retiro para jovens, onde o testemunho do Padre Jan Sopicki, do Santuário da Divina Misericórdia, me rea­cendeu o desejo de ser sacerdote.

Ingresso no Seminário

Monsenhor Roque – Ainda que trabalhando numa agência bancária, em 1988 dei início ao curso de filosofia na Faculdade Eclesiástica João Paulo II, in­gressando definitivamente no mês de agosto no seminário, com autorização do Monsenhor José Maria Vasconcelos.

Ordenação

Monsenhor Roque – No dia 12 de dezembro de 1992 fui orde­nado Diácono pelo Bispo Auxiliar Dom Karl Joseph Romer, durante visita pastoral na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Batan, sendo meu padrinho o Padre Aloísio Joergler, SVD., que me acompanhou até o ingresso no seminário.

A ordenação presbiteral aconteceu no dia 18 de junho de 1994, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, sob a presidên­cia de Dom Eugenio, juntamente com dez companheiros.

Ministério Presbiteral

Monsenhor Roque – No exer­cício de meu ministério, por mais de 17 anos trabalhei como auxiliar nas paróquias Jesus Bom Pastor e São Francisco de Assis, ambas em Anchieta, reitor do Seminário Menor e, a partir de 1998, durante seis anos, na dire­ção da Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças, em Realengo.

Nunca me considerando in­substituível, já exerci os ofícios de diretor-tesoureiro da Casa do Padre, procurador da Irmandade de São Pedro, vigário forâneo, capelão da Irmandade e da Po­lícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e membro do Cabido Metropolitano. Desde o dia 13 de março de 2005, retornando a minha região de origem, o Vicariato Urbano, estou à frente da Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro.

Já no governo de Dom Ora­ni, fui convidado para exercer o oficio de reitor do Seminário de São José, com posse em 7 de dezembro de 2010, depois de um curto período como vice-reitor, acompanhando os trabalhos do Monsenhor Helio Pacheco.

Experiência de Vida

Monsenhor Roque – O mar­cante e decisivo na minha voca­ção foi o discernimento vocacio­nal sem pressa, através do GVA (Grupo de Vocações Adultas) e dos encontros vocacionais com irmã Maria Cecília Tostes Malta, a quem devo muito nesse proces­so: os anos vividos no seminário, a vida de comunidade e o acom­panhamento dos formadores. Foi fundamental o testemunho dos sacerdotes, com os quais tive a alegria de conviver durante o trabalho pastoral, como o Padre Aloísio, sobretudo acompanhan­do nas visitas aos enfermos do Hospital do Câncer (Rodoviária) e o Cônego Djalma Rodrigues, de São Conrado. O encontro dos fiéis durante o estágio pastoral e depois como sacerdote. O convívio bem unido com meus familiares. Agradeço a coragem da minha mãe. Os amigos que chegam, o tempo ‘ganho’ na so­lução de dificuldades e o trabalho pastoral na Antiga Sé.

Anúncio da Nomeação


Monsenhor Roque – Quando fui chamado, pensei que Dom Orani queria agendar datas das próximas celebrações do Seminá­rio. Diante do anúncio, fiquei sem reação. O primeiro pensamento e preocupação: “E o Seminário?” Ao conversar logo em seguida com o novo núncio, ele disse: “Tenha confiança no Senhor!” 

Ação de Graças 

Monsenhor Roque – Sou realizado no sacerdócio, estou feliz no Seminário, na Antiga Sé e na Capelania Militar. Não sou apegado e sei que não sou insubstituível. Agradeço ao Santo Padre pela nomeação, a Dom Orani pela indicação e aos sacerdotes e leigos que participa­ram desse processo. 

Novos Desafios 

Monsenhor Roque – Agora, novas responsabilidades e desa­fios pela frente nesse tempo em que a Arquidiocese lança o seu Plano de Pastoral, com destaque para o Ano do Discipulado, a preparação da JMJ Rio2013 e o início do Ano da Fé. Quero viver o ministério apostólico no servi­ço e dedicação aos irmãos. 

Lema 

Monsenhor Roque – O lema escolhido em oração: “Habitare fratres in unum” (Sl 133, 1) –como é bom, como é agradável os irmãos habitarem unidos – quer ser a expressão da minha missão. Quero estar e trabalhar em unidade e fraternidade junto com Dom Orani, os bis­pos auxiliares e meus irmãos sacerdotes. Continuarei a ser­vir o povo de Deus com muita alegria. 

Oração Silenciosa 

Monsenhor Roque – Escrevi ao Santo Padre agradecendo a nomeação e dizendo sim: “eu aceito a nomeação com muita alegria e disponibilidade para o serviço apostólico em união com meu Arcebispo”. Recolhi­-me na oração silenciosa da Virgem Maria, e junto a ela permaneço para renovar o meu sim à vontade de Deus e viver segundo o Coração de Jesus, o Bom Pastor. 

Presente 

Monsenhor Roque – A orde­nação episcopal será dia 23 de junho, véspera da natividade de São João, que nos ensina a apontar para o Cordeiro e nos dá uma lição de humildade. Ele diz que não é o Messias e que é necessário que ele diminua para que Cristo cresça.


HISTÓRIA DE VIDA

Cônego Roque Costa Souza
Nascimento: Rio de Janeiro - 19/8/1966
Filiação: Nelson Pinto de Souza e Maria José Costa Souza
Ordenação sacerdotal: 18/06/1994, na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro, por Dom Eugenio de Araujo Sales

Formação

1981: Conclusão do Ensino Fundamental pela Escola Municipal Orsina da Fonseca
1984: Conclusão do Ensino Médio pelo Colégio Estadual Paulo de Frontin
1989: Conclusão do Curso de Filosofia pela Faculdade Eclesiástica João Paulo II da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
1993: Conclusão do Curso de Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
1993: Bacharelado em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Experiência Pastoral

1992: Diácono prefeito do Seminário Menor de São José
1994: Vigário paroquial da Igreja Jesus Bom Pastor, em Anchieta
1994: Vigário paroquial da Igreja São Francisco de Assis, em Anchieta
1994: Reitor do Seminário Menor de São José (quatro anos)
1997: Capelão da Irmandade de São Pedro (dois anos)
1998: Pároco da Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças, em Realengo (seis anos)
1999: Diretor-tesoureiro da Casa do Padre do Rio de Janeiro
1999: Conselheiro espiritual das Equipes de Nossa Senhora
2001: Vigário Forâneo da Forania 2 do Vicariato Episcopal Oeste
2002: Capelão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (nove anos)
2002: Provedor da Irmandade de São Pedro
2005: Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro (sete anos, desde 13 de março de 2005)
2006: Vigário forâneo da Forania 1 do Vicariato Episcopal Urbano
2006: Conselheiro espiritual das Equipes de Nossa Senhora - Região Rio III
2006: Procurador da Irmandade de São Pedro
2006: Assistente eclesiástico da Federação da Congregação Mariana
2009: Capelão da Irmandade Nossa Senhora das Dores (PMERJ)
2010: Membro eleito do Conselho Presbiteral do Ordinariado Militar do Brasil
2010: Membro nomeado do Conselho Presbiteral da Arquidiocese do Rio de Janeiro
2010: Vice-reitor do Seminário Maior de São José
2010: Reitor do Seminário Maior de São José (desde 7/12/2010)
2011: Recebeu o título de cônego (24 de maio)
2012: Nomeado bispo titular de “Castel Mediano” e auxiliar do Rio de Janeiro

Brasão Episcopal: fratres in unum

O Brasão de formato ibérico, também dito “em taça” é uma alusão à Eucaristia. Podemos dizer que tal formato é predominante no episcopado brasileiro, remetendo à origem basicamente lusitana de nossa fé. É o estilo adotado no escudo do Papa Bento XVI – sua ponta arredondada bem se coaduna com a concha que irá conter.

Franchado, ou seja, dividido em X, possui o primeiro e o quarto quartéis em azul e os outros em vermelho; na divisão dos quartéis a cruz de Santo André, em prata (branco). Esta cruz também está no escudo do Cardeal Eugenio de Araujo Sales, que ordenou o eleito sacerdote e que, desta forma, o homenageia. Os campos em azul (em heráldica dito blau) acenam virtudes como justiça, bondade, inocência, piedade e outras correlatas, mas também, junto com cruz em branco (prata) lembram a bandeira da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro, onde o novo bispo se formou e serviu como capelão da PM.

Na simbologia da fé, branco e azul serão sempre representativos de Maria Santíssima. Já os campos em vermelho (gules) lembram a figura de São Sebastião, mártir, Padroeiro de nossa cidade, representando, heraldicamente, fortaleza, coragem e outras virtudes correlatas; sentidos enriquecidos pela simbologia cristã que aí vê o Espírito Santo, a chama da Caridade e o valor do martírio, testemunho que pode chegar ao derramamento do próprio sangue.

O Brasão possui quatro figuras, uma em cada quartel: no primeiro, dito “em chefe”, encontramos a presença de Maria, Estrela da Nova Evangelização; sobre o esmalte blau, nos lembra o céu, nosso destino final, que deve presidir todas as nossas ações; a Rainha da Glória está, qual mãe, a nos proteger e esperar.

As figuras do segundo e terceiro lembram o trabalho do novo bispo na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro que, nestes 18 anos de sacerdócio, foram mais concentrados do Seminário São José (lírios, na forma que eles se encontram do escudo do mesmo) e na Irmandade de São Pedro dos Clérigos (chaves). Concebidos desta forma, também evocam José Castíssimo, Guardião do Redentor e de Sua Mãe, comanda de forma discreta, colocando-se a serviço.

As chaves, além de expressarem a vontade do eleito de estar sempre em plena obediência ao Vigário de Cristo, lembram a função de ligar e desligar atribuída a Pedro e aos Apóstolos e, por sucessão, ao Papa e aos Bispos em comunhão com Ele. Tradicionalmente simbolizam também o Sacramento da Penitência, do qual o bispo é o principal dispensador.

Por fim, no último quartel ou, no caso, na ponta, encontra-se uma grande concha de prata, homenagem ao Papa Bento XVI que o escolheu para o episcopado. No Escudo Papal ela é dominante e, segundo a interpretação oficial, “tem um significado teológico: pretende recordar a lenda atribuída a Santo Agostinho, o qual, encontrando na praia um jovem, que com uma concha procurava pôr toda a água do mar em um buraco cavado na areia, perguntou-lhe o que fazia. Ele explicou sua vã tentativa, e Agostinho compreendeu a referência ao seu inútil esforço de procurar fazer entrar a infinidade de Deus na limitada mente humana. A lenda possui um evidente simbolismo espiritual, para convidar a conhecer Deus, mesmo se na humildade das inadequadas capacidades humanas, haurindo da inexauribilidade do ensinamento teológico”.

Há séculos a concha é usada também como símbolo do peregrino: sua forma assemelha-se à mão aberta para as boas obras, como afirma o Codex Calixtinus (século XII). Nesta dimensão, expressa a disponibilidade para aqui permanecer, ou partir para novas missões que a Igreja possa lhe confiar pela voz do Santo Padre.

Por último, mas seria o primeiro em importância, a concha é uma imagem do Batismo, que, em sua simplicidade, é o fator primordial de nossa fé. Como adorno externo, o chapéu prelatício forrado de vermelho, de onde saem dois cordéis, um em cada lado do escudo, tendo em cada ponta seis borlas dispostas 1, 2 e 3, tudo em verde.

A cruz processional é a de São Maurício em honra do Ordinariado Militar do Brasil. Sob o escudo um listel de prata forrado de vermelho, com a frase em latim “Fratres in Unum” em negro. A expressão é tirada do Salmo 132 – “Ecce quam bonum et quam iucundum habitare fratres in unum” (“Como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos”). O percurso do novo bispo até aqui nunca foi solitário, quer no trabalho, quer na habitação; inserido no Colégio Episcopal, deseja assim continuar. A frase recorda ainda a espiritualidade beneditina, à qual o eleito se acha ligado pela oblação feita no Mosteiro do Rio de Janeiro, e que é essencialmente cenobítica – São Bento, falando dos tipos de vida que podem levar os monges, a chama de fortíssimo (RB 1,13: “cœnobitarum fortissimum genus”). Por fim, como terceira homenagem pessoal, recorda a origem monástica de nosso Arcebispo Dom Orani João Tempesta, escolhido para o episcopado quando Abade Cisterciense.